Sinopse
- Universos que sofrem rasgões?
- Amor capaz de negacear a morte?
Uma casa assombrada arrematada em leilão na Zona Sul de Porto Alegre; um diário e outros manuscritos extraídos a alçapão oculto no sótão da casa. Eis o que leva a nova proprietária (jornalista vinda de São Paulo para trabalhar em jornal da cidade) a investigar as circunstâncias da brusca interrupção do diário e o mistério que envolve suas anotações finais; para então publicá-lo. As personagens aí retratadas são intelectuais reunidos em "Confraria" no final dos anos 1970, estertor do período da ditadura militar no país. Não, porém, os sucessos políticos são tema do livro. O centro propulsor da trama condensa-se na figura de Myrna, a autora do diário, e naquela de Bruno, matemático e antropólogo em interação singular com a realidade física do mundo.
A narrativa flui através da lembrança, despertada em Myrna pelo encontro banal de uma "voz", sob as arcadas do Viaduto da Borges. Escorrendo no encalço do passado, o lembrado parece indicar um futuro traído em suas malhas. Será, ainda, a lembrança, que levará o leitor também a Princeton, nos Estados Unidos, onde mergulhará, com Bruno, nas mais recentes investigações da Física teórica. Essas teorias ecoarão na experiência por ele vivida entre os índios tepehuas, nas montanhas do México; onde, em contato com Yaki, sacerdote nativo ligado à tradição de antigo culto maia-tolteca, Bruno irá desvendar o que o move na vida. Sua experiência no México, ele a exporá em Relato, completando o narrado por Myrna, em seu Diário. Com Bruno, pelo mesmo desvio da lembrança, o leitor será catapultado à Viena do início do século XX, quando "a psicanálise frequentava Cafés, ateliês, salões e prostíbulos". Para, a seguir - através da Alemanha destruída do pós-guerra, em contato com Lou Salomé e seu marido, Andreas –, acompanhar Yaki em seu retorno ao México, a retomar a luta de seus ancestrais contra os brujos.
A história se encerra com a volta de Bruno a Porto Alegre, seu reencontro com Myrna, a insinuar novo enigma na busca dos traços deixados por eles no presente.