Sinopse
E tinha a meia que modelava as pernas. A primeira coisa que a gente tirava no quarto era o sapato, depois a meia, o vestido, o corpete, a cinta-liga e, por último, a calcinha. Por isso que eu digo: eu tenho uma prática. Foi dentro da prostituição que aprendi a ser mulher, que identifiquei a minha sexualidade e lutei para exercer o trabalho sexual como uma profissão. Eu sei o que é ser mulher, sei o que é isso de dentro da comunidade. Só que eu sempre peitei a sociedade com essa palavra puta.
Tem toda uma história que as pessoas acreditam, mas a gente só pode falar do que a gente vive. Eu me vi fazendo isso, não me vi fazendo outra coisa. Dei prazer pra toda uma sociedade, não tenho como negar isso. Uma sociedade que por vezes não tem memória. Muita luta construir tudo isso, não é uma coisa de hoje. Nada foi de graça. Minha história de vida e história de luta são um corpo só. Muita onda! Eu falo sem parar essas histórias pra lembrar à sociedade que nossa existência tem um sentido. E que falar é como andar, cansa. Mas é preciso. Falar é escrever a nossa história. Por isso escrevo esta autobiografia, é a Lourdes contando a história dela. Será que eu existo?
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