Os Notáveis por Sergio Martins

“Africa Brasil”, de 1976, é considerado um marco na carreira de Jorge Ben. O músico troca o violão pela guitarra e lança um álbum que mistura música brasileira com rock, afro music e um cancioneiro de matizes americanas – como o soul e o funk. O álbum é tema de “Africa Brasil: Um dia Jorge voou para toda a Gente ver”, de Kamille Viola. A jornalista, uma “stalker” musical do cantor, compositor e instrumentista carioca, não se limitou a contar a história desse clássico do pop. Mapeia as influências de Ben até chegar ao caldeirão de ritmos presentes em faixas como “Umbabarauma (Ponta de Lança Africano)”, revela o verdadeiro ano de nascimento do artista – que ele sempre fez questão de esconder – e aponta sua influência nas gerações posteriores da MPB e do pop nacionais.

O quarteto mineiro Skank deixou seus admiradores em estado de choque quando, no final de 2019, anunciou que estaria encerrando as atividades. Não é por menos: o grupo é uma das forças do pop nacional e em nenhum momento seus discos mais recentes deram mostra de esgotamento musical. Samuel Rosa, guitarrista e vocalista do Skank, contudo, tem uma explicação sólida para esse período estratégico de retirada. Que explica com a sinceridade habitual em Os Notáveis. Fala ainda da colaboração do grupo para a popularidade do pop brasileiro, de influências musicais e de perspectivas para o futuro. Rosa ainda turbina a conversa com alguns números musicais preparados para o papo.

“Elis Regina foi a maior cantora brasileira em todos os tempos?” João Marcello, o filho, acha que sim. E a gente também. Nenhuma intérprete brasileira combinou de maneira tão perfeita afinação, interpretação, sensibilidade e repertório impecável como a cantora gaúcha. O relançamento de Elis, álbum de 1972, é um bom começo para tirar qualquer dúvida. Ele foi remasterizado e a nova versão traz o piano elétrico de César Camargo Mariano (que também foi diretor artístico) e o baixo de Luizão Maia ainda mais acentuados. E quem mais poderia unir “novatos” como Fagner e Belchior, Ivan Lins, Sueli Costa e Vítor Martins e João Bosco e Aldir Blanc? Outra curiosidade da entrevista é que João Marcello diz que a versão de Como Nossos Pais, eternizada no LP Falso Brilhante, não tem nada a ver com a original entregue por Belchior.

Vitão é um dos novos fenômenos da música pop nacional. O cantor paulista de 21 anos se notabilizou por fazer uma canção de apelo romântico, similar à música negra americana. Mistura que deu o tom em Ouro, seu álbum de estreia, que trazia até participações especiais de Anitta e do rapper Rael. Mas Vitão tem dado sinais de evolução. Ele se aproximou do samba e da soul music nacional: cantou até Alcione, Seu Jorge e Sandra de Sá nas lives que fez durante a pandemia. O cantor ainda tem feito aulas de dança e se inspira nos artistas internacionais – em especial Michael Jackson e Bruno Mars para turbinar suas performances. Revelado em vídeos no YouTube, ele comenta que a plataforma nos dias atuais é o equivalente ao barzinho em tempos de outrora.

O ex-vocalista do Angra, uma das principais bandas de heavy metal brasileiras em todos os tempos, soltou um projeto solo ambicioso. Vera Cruz conta a história de um guerreiro que é perseguido pela ordem dos Cavaleiros Templários e que encontra guarida na caravela de Pedro Alvares Cabral. Tramas paralelas, atentados, experiências com plantas psicodélicas e até uma batalha emocionante fazem parte do projeto, que surgiu a partir de um argumento de Fábio Caldeira – que também atua como vocalista do grupo Maestrik –, transformado em letras épicas por Falaschi. O disco tem ainda uma instrumentação que lembra as trilhas de John Williams (Tubarão, Guerra nas Estrelas) e uma união entre metal e ritmos nacionais, com direito ao canto da magistral Elba Ramalho.

O cantor e compositor Jão deu entrevista para Os Notáveis para falar de seu terceiro álbum. Ele ainda não tem previsão de lançamento, mas os singles Coringa e Amor Pirata tiveram uma grande aceitação do público e da imprensa. Contudo, o que seria só uma conversa musical virou uma sessão de terapia. Jão fala da sua relação com os fãs, de como a vida na estrada o impediu de se despedir apropriadamente de pessoas queridas da família e até da irmã, que é médica e hoje está na linha de frente do tratamento de vítimas da Covid-19. A parte musical rendeu boas explicações sobre as suas influências musicais – em especial Cazuza, que foi homenageado com ele numa recente premiação – e da produção de seus shows, que estão entre os melhores do novo pop.

Pabllo Vittar é um caso raro de popstar que se tornou um fenômeno social. No primeiro quesito, ela surpreendeu a todos quando, no ano de 2017, estourou sucessos como K.O. e Corpo Sensual, além da mistura de música eletrônica e ritmos regionais das regiões do Norte e do Nordeste do Brasil. A questão social chega através dela ser uma das vozes mais ativas e importantes contra a homofobia e pela defesa da comunidade LGBTQIA+. Em 2020, Pabllo tinha agendada uma apresentação no festival americano Coachella, referência do showbiz mundial, mas teve de adiar seus planos por causa da pandemia. O auto-exílio, contudo, não desacelerou sua produtividade. Pabllo continuou a trabalhar em novas composições – quer até investir em forró – e parcerias, como antecipa em Os Notáveis. Além disso, confessa sua paixão pelos trabalhos de Björk e do furioso grupo de heavy metal Metallica. Realmente, ninguém para Pabllo Vittar.

O guitarrista paulistano é uma referência do heavy metal do seu país. Um dos fundadores do Angra, grupo que atingiu sucesso internacional, Loureiro tem quatro trabalhos em sua discografia solo no qual vai do heavy metal ao forró. Open Sources, lançado no ano passado é, como o próprio nome diz, uma abertura às diversas sonoridades da guitarra. Forjado em clima de vaquinha virtual, ele tem colaboradores de diversas partes do mundo para explorar as múltiplas qualidades da guitarra. Open Sources é o motivo da entrevista para Os Notáveis, mas claro que Loureiro fala de seus tempos no Angra e de como entrou para o Megadeth, um dos maiores grupos de heavy metal do mundo. Ajuste seu fone e aperte o play!

O cantor e guitarrista do Barão Vermelho, Roberto Frejat, sempre equilibrou seu trabalho autoral com as obras da banda carioca. Mas em 2017 ele anunciou sua saída definitiva do quinteto, uma das referências do rock nacional. Roberto Frejat lançou Canções à Beira do Precipício, seu primeiro álbum solo em doze anos, no qual se permite trabalhar com colaboradores distintos: do produtor Kassin a Luiz Nenung (de The Darma Lovers), de Alice Caymmi à dupla Jards Macalé e Luiz Melodia, e os “oitentistas” Ritchie e Dulce Quental. Variado, o álbum aborda desde o rock’n’roll puro, que sempre fez parte da obra de Frejat, ao funk carioca e canções de sabor nordestino. A entrevista dele para Os Notáveis vai desde como armou o repertório do álbum até lembranças do músico Serginho Trombone, cujo derradeiro disco foi produzido por Roberto Frejat, até uma defesa pelos direitos autorais dos músicos. Ajuste seu fone e aperte o play!

Ian Mculloch, vocalista do Echo & the Bunnymen, um dos maiores grupos da história do rock inglês, sempre falou de sua busca pelo pop perfeito, aquela canção de melodias e arranjos irretocáveis. Fernanda Takai, do Pato Fu, segue pelo mesmo caminho do roqueiro: seja em sua banda ou na carreira solo, se pauta por trabalhos que tragam o frescor da música pop. Em 2020, a cantora lançou Será que Você vai Acreditar, um álbum gravado em meio à pandemia, e que traz composições que são um alento em tempos sombrios. O repertório traz muita coisa de autoria da cantora, ao lado de covers inusitadas (Não Creio em Mais Nada, de Paulo Sérgio), cantor da jovem guarda, e sucessos de Michael Jackson e Amy Winehouse. Na conversa para Os Notáveis, Fernanda fala do disco, de criação de uma música popular e acessível, e da importância da cena de Belo Horizonte para o pop atual. Ajuste seu fone e aperte o play!

O guitarrista da mais icônica das bandas brasileiras de rock fala com Os Notáveis direto de Lisboa, onde passa por um exílio involuntário (foi acompanhar o nascimento da neta e não pode retornar ao Brasil porque as fronteiras dos dois países estão fechadas). A conversa se inicia justamente sobre a diplomacia do país – o pai do músico foi embaixador e ganhou nota 100 numa redação corrigida nada menos pelo escritor Guimarães Rosa – e depois vira um papo ótimo sobre música, no qual Dado fala das trilhas sonoras que vem compondo e sua empolgação pelas novas tecnologias. O assunto Legião Urbana, claro, não fica de fora. O guitarrista dá sua versão sobre a briga dele e do baterista Marcelo Bonfá com Giuliano Manfredini, herdeiro do espólio de Renato Russo, e relembra pontos importantes da carreira do grupo.

O vocalista do Ira! acumula tanto sucessos quanto confusões. O grupo paulistano é uma das instituições do rock brasileiro, tendo uma carreira que dura quatro décadas e canções que foram executadas até em novela (Flores em Você, que foi tema de O Outro, de 1987). Por outro lado, o vocalista é a mais pura tradução do termo “fio desencapado”: adora uma confusão, sendo que muitas delas entraram para o anedotário do showbiz brasileiro. A mais recente envolve uma “picada de escorpião”, que o teria deixado impossibilitado de fazer um show. As duas facetas de Nasi surgem em Os Notáveis. Uma entrevista divertidíssima, ajuste seu fone e aperte o play!

Os Notáveis é muito mais do que um programa de entrevista com as pessoas que importam no mundo da musica. Semanalmente, o jornalista Sérgio Martins recebe uma estrela do showbiz, explorando todos os gêneros musicais, para conhecer a fundo os artistas que marcaram a nossa vida. Vamos conhecer sobre formação de carreira, processo de criação dos seus maiores hits, obstáculos no caminho do sucesso e claro, muitas histórias do backstage. Mais que um programa de trivialidades, cada episódio de Os Notáveis é um show solo dos nossos idolos. Coloque o seu fone de ouvido e venha conhecer de perto o mundo da música.