Os Notáveis por Sergio Martins

Thiago Mar e Gabriela Luz, o Mar Aberto, são uma dupla pop peculiar. Musicalmente, fazem uma canção solar, que traz influências de artistas como Swell Season (o duo que ganhou o Oscar de melhor canção por Falling Slowly, tema de Once – Apenas uma Vez) e a grandiloquência de um Coldplay. O diferencial da dupla está na abordagem das letras. Poucos artistas foram tão a fundo nas relações pessoais quanto a dupla. Em 2020, eles lançaram Baseado em Amores Reais, um EP/curta metragem no qual contam a história de um casal que se conhece, se ama, se separa e se reconcilia, devidamente acompanhados por clipes musicais. As relações amorosas também são o foco de seu mais recente single, Alguém Melhor que Eu. Em entrevista a Os Notáveis, Thiago e Gabriela falam de suas influências na música e como o divórcio dos pais surgiu como inspiração em seus temas.

Luiz Caldas é um dos maiores nomes da música baiana contemporânea. Criador do fricote, gênero que deu origem à axé music, ele implementou uma identidade própria ao gênero e abriu espaço para artistas como Daniela Mercury e Ivete Sangalo. Mas aclamar o músico, cantor e compositor pela criação desse gênero seria redutor. É um instrumentista versátil, que vai da sonoridade nordestina à bossa nova e ao heavy metal. Playlist Brasileira Vol. 1, seu mais recente disco, é uma mostra da inquietude artística do autor de Haja Amor, Fricote e muitos outros hits. São sucessos do pop nacional dos anos 70 e 80, em versões acústicas. Ele fala que as composições – entre elas A Lua e Eu, de Cassiano e Paul Zdan, e Reluz, sucesso de Marcos Sabino – fazem parte dos tempos em que tocava nos bailes da vida. Caldas comenta ainda um fato muito engraçado que aconteceu durante o Show do Bolinha, famoso programa de auditório dos anos 80.

A cantora mineira é um fenômeno do pop nacional. Nascida em Taiobeiras, cidade localizada ao norte de Minas Gerais, Marina Sena é responsável por De Primeira, seu primeiro álbum solo, que tem feito sucesso tanto nas plataformas de streaming dedicadas à música, como Spotify, quanto no Tik Tok - "culpa" de Por Supuesto, cuja coreografia tem sido imitada e levou o público a conhecer o álbum. Marina, 24 anos, integrou as bandas A Outra Banda da Terra e Rosa Neon. O trabalho solo, como ela mesma confessa, lhe permitiu uma autonomia maior sobre a criação das faixas, que vão do pagode baiano, ao reggae e pop. Em entrevista a Os Notáveis, a cantora fala de como se criou no mercado alternativo e da expectativa de se apresentar no Coala Fest, onde será uma das atrações principais ao lado de nomes como Maria Bethânia

Revoluções por Minuto, do RPM, foi o disco/show que fez o rock brasileiro virar mania nacional. É claro que já existiam Blitz, Paralamas do Sucesso e Lulu Santos, entre outros, e o Rock in Rio revelou uma série de bandas. Mas o disco do RPM, formado então por Paulo Ricardo (baixo e vocais), Luiz Schiavon (teclados), Paulo Pagni (bateria) e Fernando Deluqui (guitarras) deu nível internacional à sonoridade brasileira. Havia influência de bandas inglesas das décadas de 80 e as letras de Paulo Ricardo traziam um diferencial em relação ao pop solar do período. O show do grupo, dirigido por Ney Matogrosso, os elevou a outro patamar, com raio laser e releituras de Caetano Veloso e Secos & Molhados. Luiz Carlos Maluly, produtor do álbum, surge em Os Notáveis para falar do surgimento do RPM e as inovações que ele trouxe para o cenário nacional. E ainda comenta que o quarteto havia sido recusado anteriormente pela mesma CBS (atual Sony) que o acabou lançando para o showbiz.

Roberta Campos está lançando O Amor Liberta, sétimo disco de sua carreira. Produzido por Paul Ralphes (Kid Abelha, Cidade Negra, Jota Quest etc), ele traz um sopro de novidades ao folk acústico da cantora e compositora mineira. Os arranjos soam mais grandiosos, o violão de Roberta é acrescido de instrumentos como teclados e um quarteto de cordas. Há parcerias inusitadas e enriquecedoras como Luiz Caldas (que engrandece É Natural, um delicioso folk pop) e Humberto Gessinger em Começa Tudo Outra Vez. Em entrevista ao podcast Os Notáveis, Roberta fala das referências para criar o álbum, do processo de criação e de como sua empresária e mulher, Marina Campos, chamou a sua atenção para outros artistas da MPB. Ela também fala de quais são as parcerias de seus sonhos para o próximo disco.

A Plebe Rude é uma das principais bandas do chamado rock de Brasília, levante de grupos do Distrito Federal que tomaram de assalto o circuito brasileiro no início dos anos 80. O grupo tinha como característica um rock direto e agressivo, com letras mais de cunho político do que filosófico e influências musicais da região Nordeste – algo como um “repente punk”. Eles têm pelo menos um disco definitivo na história do rock nacional, O Concreto já Rachou (1986) onde se destacam canções como Até Quando Esperar e Proteção. O grupo deu uma pausa nas atividades na segunda metade dos anos 90 e retornou no início da década seguinte, com uma nova formação e outras propostas musicais. É o que mostram o álbum Evolução, de 2020, e o single 68, que possuem até ecos do hard rock dos anos 70. O guitarrista e vocalista Philippe Seabra e o baixista André X são os únicos remanescentes da Plebe original. Em entrevista ao podcast Os Notáveis, eles falam da fase atual da banda e fazem reflexões sobre por quê o sucesso comercial do r

Rodrigo Gorky é um dos principais produtores de música pop do país. Ex-integrante do grupo de funk eletrônico Bonde do Rolê, onde também atuou como performer, ele se dedicou com mais afinco à produção quando trabalhou com a cantora Luiza Possi no álbum LP. Mas o grande passo na carreira de Gorky se deu quando descobriu e produziu Pabllo Vittar, um dos principais fenômenos do pop brasileiro em todos os tempos. O sucesso de discos como Vai Passar Mal, de 2017, e Não Para Não, de 2018, o credenciou para trabalhar com divas do quilate de Anitta e lançar Urias, outra integrante da trupe de Vittar. O produtor tem duas características: ele não é exatamente um profissional à moda antiga, que toca todos os instrumentos – atua mais na linha de um Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Skank), que também não era um grande instrumentista, mas tinha a exata noção do que queria para as suas criações. Gorky ainda faz uma música eletrônica com influências de ritmos regionais, como forró e axé. Em entrevista aos Notáveis, ele rep

Lançado há 25 anos, Buena Vista Social Club é o maior fenômeno da história recente da world music. Vendeu mais de oito milhões de cópias e recuperou a carreira de cantores como Ibrahim Ferrer e Compay Segundo e do pianista Rubén González. O violonista paulistano Swami Jr. assumiu a direção do projeto em 2016, com a missão de manter a excelência musical em alto nível, apesar das perdas de Ferrer, Segundo e González. Em Os Notáveis, ele fala da importância da música cubana e de como o Buena Vista hoje é tão importante quanto as canções de Bob Marley. Swami ressalta ainda a importância do guitarrista e produtor Ry Cooder para o projeto e como é lidar com um grupo de feras da música caribenha.

O baterista Eloy Casagrande é o convidado da semana de Os Notáveis. Atualmente no Sepultura, ele fala de Casagrandre & Hanysz, projeto no qual mistura heavy metal, progressivo e até um pouco de jazz rock. A dupla tem dois singles lançados e deve soltar um EP completo até o final do ano. Eloy Casagrande é um menino prodígio da bateria, tendo tocado na banda do vocalista Andre Matos, na banda Glória e há dez anos integra o Sepultura. Ele fala da transição de revelação das peles e baquetas para se tornar um dos maiores do seu instrumento na atualidade e dá uma pequena pista de seus bateristas prediletos.

Americana e heartland rock são termos criados pela crítica para definir um estilo particular da música dos Estados Unidos. Eles se referem a músicas que fazem referência ao campo e à vida do trabalhador comum e trazem uma pesquisa musical baseada nas raízes de alguns dos principais estilos daquele país: o blues, a música country e o rock. Este último empreendeu uma verdadeira busca pelas suas origens. Cinco desses álbuns são destrinchados nesse programa por Ricardo Garrido, executivo da Amazon e um especialista em americana e heartland. Ele começa e termina com dois supergrupos: Crosby, Stills & Nash, formado por três nomes de peso do rock americano e inglês, e vai até The Traveling Wilburys, com sua escalação de nomes de alta patente. Bruce Springsteen, Eagles e Tom Petty servem como recheio do programa, uma autêntica aula sobre a cultura americana – com direito a uma playlist elaborada por Garrido.

Em setembro de 1996, foi lançado o disco de estreia do quinteto mineiro Jota Quest, hoje ele completa 25 anos. Ele causou um rebuliço à época em que foi lançado. Num período em que era comum se deparar com as misturas de rock com ritmos regionais ou letras de protesto, o grupo chegou com uma música de baile, calcada na soul music, na disco e no acid jazz do início daquela década. O disco trouxe hits como a regravação de As Dores do Mundo, de Hyldon, além de Encontrar Alguém. Em entrevista a Os Notáveis, o vocalista Rogério Flausino e o baixista PJ falam do processo de gravação do álbum, que incluiu até o transporte numa van repleta de pulgas, bem como seu efeito nas produções posteriores do grupo.

O cantor e compositor Michael Sullivan é um dos maiores autores da recente história pop. Sua carreira compreende cerca de 80 a 100 milhões de discos vendidos como autor e produtor. Foi um dos “gringos falsos”, artistas que cantavam em inglês em meados dos anos 70, participou do grupo The Fevers e formou uma dupla vencedora ao lado de Paulo Massadas. Juntos, criaram desde canções infantis até clássicos da MPB. Em Os Notáveis, ele revela o “segredo” de como criar um hit, fala dos tempos difíceis que passou no Rio – onde chegou a dormir na rua – e da relação com Tim Maia. Sullivan confessa ainda que está retomando a parceria com Paulo Massadas.

Na última sexta-feira, dia 20 de agosto, Marcelo Falcão lançou o single Em Busca da Luz. Gravado em realidade virtual, o clipe permite que o espectador assista às imagens em 360 graus, o que dá um clima de interatividade. O mais importante, contudo, é a letra, de conteúdo político forte. Mas existe uma diferença: ele trocou o reggae mais combativo por uma mensagem que traz até uma certa espiritualidade e consciência. Falcão falou do novo estilo de escrita para Os Notáveis, bem como adiantou detalhes dos próximos singles. Um deles terá a participação de Vanessa da Mata, que no início de carreira cantou no trio jamaicano Black Uhuru. Parte da renda Em Busca da Luz será revertida para o projeto Mães da Favela, uma iniciativa da CUFA (Central Única das Favelas).

Lançado em julho de 1986, Dois, da Legião Urbana, é um álbum que consagrou o grupo brasiliense como um dos pilares do rock nacional brasileiro. Vendeu 1,8 milhões de cópias e estourou sucessos como Eduardo & Mônica, Tempo Perdido e Índios. Um dos responsáveis pelo sucesso – além, claro, do talento de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha – é o produtor Mayrton Bahia. Ele pegou o grupo, que vivia às turras com a gravadora EMI. Deu uma acalmada nos ânimos do quarteto (“Dado disse que eles estavam voltando para Brasília”, confessou) e moldou o que ficou conhecido como “o som da Legião”. Uma mistura que incluiu até Clube da Esquina. Bahia contou detalhes da gravação de Índios e ressaltou a importância de Dado, Bonfá e Rocha no processo criativo da Legião.Este episódio conta com o apoio de Amazon! Acesse*: www.amazon.com.br/osnotaveis*Novos assinantes ganham 30 dias grátis.

O líder do Tutti Frutti é um dos maiores nomes da guitarra brasileira em todos os tempos. Muito de sua fama de se deve a “Fruto Proibido”, disco gravado com a cantora Rita Lee, no qual se destacam as faixas “Esse Tal de Roque Enrow” e “Ovelha Negra”. Carlini, contudo, tem outros discos igualmente brilhantes ao lado de Rita e do Tutti Frutti. Um deles é “Entradas & Bandeiras”, de 1976, sobre o qual discorremos nesse podcast. Embora tenha sido repudiado anos mais tarde pela cantora – “ela fala mal e grava ‘Desculpe o Auê’?”, ironiza Carlini – é um belo disco, que traz sucessos como “Corista de Rock” e “Coisas da Vida”. O clássico do rock nacional é um dos destaques de Os Notáveis, além do disco experimental “Persona” e da fase em que o Tutti Frutti contou com Simbas nos vocais.

A drag queen paulistana é um fenômeno da música pop brasileira. Com batidas hipnotizantes, melodias inspiradas na soul music americana e letras combativas, ela tem se destacado com faixas como “Bumbum de Ouro” e “Bonekinha”. Mas para Os Notáveis, pedimos algo diferente: saber quais os discos que a ajudaram a sua formação musical, O resultado é uma aula como poucas. Gloria mostra sua conexão com as cantoras que unem o soul hip hop, revela qual delas a influenciou na hora de se “montar” e quais as que trazem as melhores lembranças dos shows que assistiu. Com vocês, um guia básico da moderna soul music brasileira com Gloria Groove.

A cantora paulista Mariana Nolasco é um fenômeno na história recente do pop nacional. Ela iniciou sua carreira de forma descompromissada, ao interpretar sucessos de artistas nacionais e internacionais em seu canal no YouTube. A ótima receptividade dessas versões fez com que fosse convidada para participar de um projeto do grupo Jota Quest e fizesse uma releitura da cantora folk canadense Joni Mitchell. Mariana mal tinha acabado de lançar um projeto de música autoral e se preparava para excursionar quando a pandemia a obrigou a voltar para o quarto – dessa vez, contudo, ela participa desse retiro forçado ao lado dos fãs. Ela gravou o EP Sessions, projeto de cunho intimista, no qual se destacam a cover para Anunciação, de Alceu Valença, e parceria com o cantor Victor Kley. Em conversa com Os Notáveis, Mariana fala de seu amadurecimento e de como a pandemia a ajudou a crescer musicalmente. Este episódio conta com o apoio de Amazon Music, acesse: www.amazon.com.br/osnotaveis

Andreas Kisser é guitarrista do Sepultura, uma das bandas de heavy metal mais bem-sucedidas da história. Mais quais foram os grupos e os álbuns que ajudaram na sua formação musical? Em entrevista ao podcast Os Notáveis, ele lista os cinco trabalhos que ajudaram a definir o gênero e o influenciaram como músico. É um conteúdo precioso, que vai do heavy metal tradicional ao thrash. Ah, e não tem Iron Maiden... Por que? Só escutando o programa. Outra dica importante do guitarrista está em falar do cuidado que esses artistas tiveram com o direcionamento de suas carreiras.

O pop rock morreu? Foi substituído pelo sertanejo, pelo funk e – pelo menos nos Estados Unidos – pelo hip hop? Para Lucas Silveira, vocalista e líder do grupo Fresno e mentor do projeto solo Beeshop, esse é um questionamento discutível. Um dos músicos e produtores mais ativos do país, ele mostra que o gênero tem mostrado sobrevida no mercado internacional, com a união de artistas do rap com produtores de rock. Por aqui, o gênero atua no underground, porém mantém um público cativo e atento. Em entrevista a Os Notáveis, Lucas comenta como o pop consegue se manter vivo, a mudança de temas em suas letras e de como o público tem se renovado. Além disso, fala do trabalho como produtor, que rendeu colaboração até com o veterano grupo de rock Capital Inicial.

“Frutificar” (1979), segundo disco de estúdio de A Cor do Som, é considerado um marco na carreira do grupo. Formado pelos irmãos Dadi e Mu Carvalho (baixo e teclados), por Armandinho Macedo (guitarra), Gustavo Stroeter (bateria) e Ary Dias (percussão), o grupo era destaque na cena instrumental por conta de sua versatilidade, que ia do rock’n’roll ao chorinho, da música clássica aos ritmos baianos. A qualidade de sua música, contudo, não se bancava e eles foram obrigados a cantar. Daí nasceu Frutificar, que traz três canções com vocal, todas sucesso incontestável: “Beleza Pura”, “Abri a Porta” e “Swing Menina”. Em entrevista a Os Notáveis, Dadi e Mu relembram do processo que foi em abrir a voz, do sucesso desfrutado pela Cor do Som e de como a saída de Armandinho esfacelou o grupo.