Sinopse
Lobisomem, Saci-Pererê, Mula sem Cabeça e muitos outros seres fantásticos, que povoam a imaginação do brasileiro, são os grandes personagens da Geografia dos mitos brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo. Para muita gente, perdida pelos grotões e roças do país, eles são criaturas tão vivas quanto o vizinho ou o leitor. Não é para menos. Alguns costumam se intrometer na vida humana, como perturbadores ou entidades benéficas, exigindo doações (o fumo de rolo que o caboclo deixa na encruzilhada para o Saci) ou atendendo pedidos, como o Negrinho do Pastoreio. Ou até engravidando moças, função exercida com muita competência pelo boto.
Esses mitos, ainda palpitantes de vida entre a sociedade rural, estão presentes em todas as regiões do país, como assinala o levantamento de Mestre Cascudo, estado a estado, mas cada vez mais ameaçados pela penetração do rádio e da televisão. Como em todo fato social, há os mais populares (que Cascudo classifica como "mitos primitivos e gerais"), nos quais se incluem ainda as entidades que formam os ciclos "da angústia infantil" e "dos monstros". No primeiro, figuras aterradoras para as crianças, como a coca, as bruxas e o Mão de Cabelo, de Minas Ger...