Sinopse
O delegado Espinosa, protagonista de outros romances de Luiz Alfredo Garcia-Roza, enfrenta um de seus casos mais enigmáticos: o assassinato de um anônimo sem-teto no alto de uma ladeira de Copacabana, na fronteira entre a cidade e a mata. Contra a tendência geral numa cidade violenta como o Rio, em que os homicídios ocorrem diariamente às dezenas, o delegado não arquiva o processo nem esquece o incidente, mas mobiliza toda a sua inteligência para elucidar o mistério, sempre acompanhado por seus fiéis auxiliares, o inspetor Ramiro e o detetive Welber. Outro assassinato, este de uma profissional bem-sucedida, ocorrido em Ipanema, vem se embaralhar ao primeiro. Convencido de que os dois crimes, aparentemente tão díspares, estão interligados, Espinosa vê crescer à sua volta uma rede de mistérios que envolve perversões sexuais, traumas de infância, trocas de identidade e surtos psicóticos. Com a narrativa engenhosa e enxuta que o transformou num dos mestres do gênero policial no Brasil, Garcia-Roza conduz seu personagem, e com ele o leitor, por uma exploração da topografia social carioca e, ao mesmo tempo, do terreno movediço da mente humana, servindo-se discretamente e sem pedantismo de seu vasto conhecimento de psicanálise e filosofia. Em nenhum romance anterior do autor ficaram tão evidentes os nexos entre a investigação policial e o trabalho psicanalítico. Com isso, Espinosa sem saída, além de atestar a perícia narrativa de Garcia-Roza, brinda o leitor com uma história empolgante que é, ao mesmo tempo, um convite à reflexão sobre as relações humanas no Brasil contemporâneo.