Sinopse
Com o isolamento decorrente da pandemia do novo coronavírus, um dos acontecimentos que fizeram falta ao ser humano foi o ato de festejar: reunir-se coletivamente, sem a mediação tecnológica de computadores e celulares, para celebrar. Nesse período, com a proibição dos eventos, o Brasil, país cujo calendário é repleto de datas comemorativas e festejos, foi atingido em cheio e principalmente em sua festa maior, o Carnaval, que agora, em 2023, retorna oficialmente às ruas de diversas cidades. A partir da história da folia carnavalesca, abordamos, em reportagem de capa, feita pela repórter especial Débora Nascimento, a importância social de festejar através das suas transformações ao longo dos tempos.
A matéria traz análises de pesquisadores e artistas sobre o que está por trás das festas, as disputas de classes, sentimentos e propósitos. Para a antropóloga Léa Freitas, "nossas festas, sejam laicas ou religiosas, oficiais ou populares – em sua multiplicidade de manifestações, recortando o país de norte a sul, de leste a oeste –, mostram uma maneira singular de viver o fato coletivo, de perceber o mundo e de com ele se relacionar. São vias reflexivas privilegiadas para se penetrar no coração da sociedade brasileira". Para o historiador Luiz Antonio Simas, através da festa, a população reafirma o seu direito de existir. Do sagrado ao profano, do samba ao baile funk, qual é o sentido da festa? Eis um dos caminhos investigativos dessa reportagem, que também se mostra um passeio saboroso pelas nossas ruas cheias de gente e alegria.
No último dia 8 de janeiro, assistimos a um ataque feroz à nossa democracia, quando terroristas cobertos de verde-amarelo invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Superior Tribunal Federal, deixando um lastro de destruição. Um mês antes dessa data que entra para nossa história, o repórter Antonio Lira entrevistava o também jornalista Bruno Torturra. A conversa, muito potente em si, ganhou ainda mais força e relevância diante desses acontecimentos. Nela, Torturra, um dos fundadores do Mídia Ninja, reflete sobre o modo como as redes sociais impactam no fazer jornalístico, destacando como elas têm cultivado o narcisismo da cultura do "perfil", e aponta a necessidade de buscarmos novas formas de coletividade.
E a festa é, sim, uma maneira de viver e celebrar a coletividade. Como pontua Luiz Antonio Simas: "não se faz festa, afinal, porque a vida é boa. A razão é exatamente a inversa".