Sinopse
O barco balançava pouco, o vento soprava ameno, a noite era de céu estrelado, e a lua nova de fevereiro, em suave crescente, deslizava no firmamento. Tudo indicava que seria uma noite tranquila. Deparei-me com a figura imóvel de mestre Cirilo de Arembepe recostada na amurada da popa. Apenas fumava e contemplava o mar com o rosto voltado para a infinitude ou até onde aquele seu olhar alcançasse. Cochilei, mas logo despertei. Estava inquieto. Tenso também. O velho Cirilo mantinha-se imóvel na sua contemplação. Em que pensaria o velho pescador? Movimentava os lábios, talvez orando para entidades secretas das profundezas marinhas. Havia algo indizivelmente poderoso naquela presença silenciosa. Como se conversasse com o tempo e o vento, seres invisíveis e o mar como ouvintes.