Josés Peregrinos

  • Autor: João Salvioni Lopes
  • Editora: Chiado Brasil
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Sinopse

Enquanto pensava, sem ao menos dar conta do tempo, a noite se aproximava:
na praia só se ouvia o barulho das ondas se desfazendo na areia, os barcos de
pesca, antes visíveis, já começavam a se tornarem pontos luminosos no meio
do oceano, o meu quarto já na penumbra... Mesmo assim, eu acreditava que
ele ainda ligaria, talvez para dizer que o dinheiro só seria depositado no dia
seguinte. Uma coisa ele jamais deixou de fazer: cumprir o que prometia, ainda
que tardiamente. Lembrei-me de uma coisa que estava adormecida na minha
memória: certa vez, combináramos que quem falecesse primeiro e constatasse
que do outro lado da vida corporal existia outra forma de vida, como
sobrevivência da alma, do espírito, voltaria para informar o que estivesse vivo,
se não fosse capaz de se fazer ver ou se comunicar verbalmente, mas se
pudesse emitir algum som utilizando-se de outro meio, produziria o que
previamente já havíamos combinado: duas batidas, representando ele e eu;
intervalo e mais três, representando a Santíssima Trindade; novo intervalo e
mais uma que seria o Adeus. Mais uma razão para acreditar que ele estava
vivo, porque não me aparecera dessa forma, para me informar e dar o seu
Adeus.Enquanto eu estava pensando, de repente, foi surgindo, junto à porta, a
sua imagem lenta, progressivamente, mas ainda meio transparente. Ao invés
de assustar-me com a sua aparição, lembrei-me do que me fez com relação ao
dinheiro prometido e fiquei muito zangado: pulei da cama, furioso e gritando:-
Que sacanagem!!! Nem morto, Jotaésse???!!!