Sinopse
Quando o relâmpago vira rio
Luiz Carlos da Vila é, verbo ser no tempo presente que nunca vira passado, um dos nossos maiores artistas, um criador atemporal. Eu o conheci numa reunião noturna. Estávamos no adequado fundo de um enorme quintal. O motivo do encontro era a mazela eterna de nossos direitos autorais. Lá pelas tantas, muita bebida rolando, duas grandes figuras do samba se estranharam e a coisa caminhou pra sair porrada. Foi quando Luiz Carlos da vila se agigantou, falou sobre o samba, lembrou porque estávamos ali e, quando todos dançávamos conforme a música de suas palavras, soltou uma sonora gargalhada. Senti no corpo e na alma a força daquele sambista insuperável, que havia magnetizado com sua incrível inteligência todos nós, impedindo uma briga que deixaria triste cicatriz na história do samba. Ficamos amigos nessa noite. Sempre nos encontrávamos para conversas intermináveis na casa do Moacyr Luz, e daí veio a profunda ligação entre nós, continuada na parceria. O livro de Luiz Antonio Simas e Diogo Cunha nos ajuda com a saudade e nos restitui a esperança no valor do canto afrobrasileiro em época de latidos. Posso ouvir nas palavras dos autores os tons suaves embebido...